Título: As Mães
Autora: Brit Bennet
Ano: 2017
Editora: Intrínseca
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As Mães é o romance de estreia da autora Brit Bennett, tendo a edição brasileira publicada, em 2017, pela Editora Intrínseca.
Nadia Turner tem sua família e adolescência totalmente despedaçadas pela morte da mãe. Mesmo com toda a sua aparente maturidade, a carência e o distanciamento de sua relação com o pai faz dela uma jovem incompreendida, e isso pode trazer frutos irreversíveis para sua vida.
E o livro trata exatamente disto: segredos. E vem para nos mostrar que as atitudes alheias estão muito além do que podemos enxergar. Nos traz uma nova visão da maternidade, e de como as escolhas podem afetar as pessoas ao nosso redor.
O livro é narrado em terceira pessoa, por um narrador testemunha, uma das Mães -- as senhoras da congregação dirigida pelo pai de Luke e que também faz parte da vida de Nadia. Esse tipo de narrativa nos traz uma visão mais reflexiva, mais ampla de toda a trama e a sensação que tive durante a leitura é a de que estive lá, observando tudo junto ao narrador.
A autora trabalha muito bem questões sérias como religião e a hipocrisia que a rodeia. Ilustra, por meio dos seus personagens, problemas que sabemos ser normais mas que insistimos em fingir não perceber. Presenciando parte da adolescência e vida adulta de Nadia, podemos ver toda a aflição que O Segredo lhe traz, mesmo depois de anos e isso nos traz uma empatia que no início do livro não imaginamos sentir.
A escrita de Bennett é muito melhor do que eu esperava, é expressiva e unicamente cativante, me fazendo imersa na leitura e tornando a leitura muito mais fácil. A leveza com que trata os sentimentos da protagonista nos faz conhece-la com profundidade e desejar consolá-la em seus momentos mais difíceis. Se há uma coisa que define para mim um bom livro, é a sua capacidade de nos fazer sentir como parte da trama, como se tivéssemos vivido o relato que lemos, e foi isso que me fez mais apaixonada pela história.
Na história também pude conhecer Aubrey, que com sua doçura e fé serviu de inspiração para que a protagonista se amadurecesse. E essa é a função que a define: inspiração. Pois sua fé e amizade mudou a vida não apenas de Nadia como de Luke, mas estar entre os dois também pode machucá-la.
Costumo me apegar mais aos personagens secundários em minhas leituras, mas a construção da protagonista dessa história é tão bem feita, tão bem desenvolvida, com todos os seus defeitos, suas imperfeições, que foi ela quem mais me cativou. Mesmo quando suas atitudes pareceram imorais, pude compreendê-la e talvez isso seja uma das maiores singularidade de As Mães, essa impecável capacidade de nos fazer repensar nossas convicções.
Adorei que a autora não demonstre medo ao trabalhar em As Mães questões tão sérias, sem medo de críticas. A sinceridade que compõe sua escrita fez dela, com certeza, uma das minhas autoras favoritas, mesmo que tenha me deixado um tanto ansiosa pelo final alternativo.
Ao finalizar a leitura, temos a sensação de que nenhum destino que imaginamos era possível e, de alguma maneira, Brit Bennett foi capaz de criar um fechamento perfeito para uma história igualmente perfeita. Mal posso esperar por novas obras da autora!
Um beijo, e até!
Sakura.
"Mesmo quando suas atitudes pareceram imorais, pude compreendê-la e talvez isso seja uma das maiores singularidade de As Mães, essa impecável capacidade de nos fazer repensar nossas convicções."
ResponderExcluirEstou encantada com sua resenha, esse livro realmente mexe muito com a gente, me coloquei no lugar da dela tantas vezes, sofri junto.. Maravilhoso.