Título original: One Day.
Autor: David Nicholls.
Editora: Intrínseca.
Ano: 2011.
Páginas: 416.
Tradução: Cláudio Carina.
"Eles falavam muito pouco do que sentiam um pelo outro: não havia necessidade de frases bonitas e pequenas atenções entre amigos tão experientes."
Se existe uma única palavra capaz de expressar sozinha a grandiosidade dessa história, eu a desconheço.
Um Dia irradia, ao mesmo tempo, leveza e acidez. Sua veracidade é singular e contraditória, carregando em suas páginas palavras de pura realidade em uma trama ficcional.
Não é o tipo de ficção comum, mas uma história maluca, uma história que te mostra a vida como ela é. Sem censura, sem mascarar verdades.
Apesar de nos primeiros capítulos você não dar nada por ele, no decorrer do livro você se apaixona pela escrita de Nicholls, cria certa intimidade com Dex e Em e sente muito mais a história em si.
Este não é um livro clichê, mas tem seus momentos adocicados, que nos trazem sorrisos involuntários ou até mesmo lágrimas de pura emoção. Também não o considero sério, mas certos capítulos são cinzentos e tristes, o que acabou me contagiando.
Pelos que pude observar no livro, sua principal intenção é mostrar para cada leitor o quanto um único dia é capaz de mudar sua vida, cabe a você decidir vivê-los da melhor ou da pior forma possível.
"Foi um dia memorável, pois operou grandes mudanças em mim. Mas isso se dá com qualquer vida.
Imagine um dia especial na sua vida e pense como teria sido seu percurso sem ele. Faça uma pausa, você que está lendo, e pense na grande corrente de ferro, de ouro, de espinhos, de flores que jamais o teria prendido não fosse o encadeamento do primeiro elo em um dia memorável."
- Charles Dickens,
Grandes Esperanças.
Dexter e Emma passam a noite de formatura juntos e o que devia ser apenas uma noite, se mostrou muito maior que isso. Os dois se tornam inseparáveis, às vezes se afastavam, mas nunca deixavam de pensar um no outro.
A amizade entre os personagens é real, sincera. São o tipo de amigos que não conseguem passar por momentos difíceis ou felizes sem pensar "gostaria que ele(a) visse isso" ou "você é um imbecil por estar longe de mim agora".
"- A gente devia gravar nossas iniciais - sugeriu Dexter, sem entusiasmo.
- Escrever o quê, Dex e Em?
- "4ever."
"4ever" foi a expressão que mais me marcou em todo o livro. O motivo eu desconheço, mas o significado tem tudo a ver com a história dos dois.
Dexter se mostra um babaca em MUITOS momentos, mas compensa com suas poucas ações dignas de reconhecimento.
Todos os capítulos de Um Dia se passam no dia 15 de julho de cada ano, por 20 anos (devo ressaltar que esta é uma característica peculiar e significativa).
Dex, despretencioso, rico, muito mimado. E Emma, persistente, sonhadora, que conhece bem a vida. Dois opostos e pura sintonia. Talvez um reforço da famosa Lei de Newton.
A obra de Nicholls não é só sobre amor. É sobre a importância das pequenas coisas, dos pequenos gestos. Sobre como você demora a perceber o que é necessário na sua vida. Sobre como tudo é passageiro e a perca de tempo é inadmissível. Sobre o medo de arriscar, ou o impulso do risco. Um Dia é uma representação da vida.
"Você pode passar a vida inteira sem perceber que aquilo que procura está bem na sua frente."
A relação de Emma e Dexter sofre grandes revés durante todos os momentos de sua história, passam por caminhos diferentes e sempre acabam no mesmo destino. Mas o final surpreende qualquer um, de uma forma tão clara, tão explícita que você se pergunta "QUÊ?". Nada, nada previsível.
No que diz respeito à escrita, Um Dia é natural e bem produzido, com poucas falhas de revisão e uma linguagem formal, mas simples. Em sumo a narração é feita em terceira pessoa, mas os diálogos a tornam implícita e, por si só, trazem a aproximação leitor-personagem, típica do que considero um bom livro. No início a história é arrastada e entediante, mas a partir do momento em que o leitor cria certa intimidade a leitura flui natural e rapidamente.
Não pude deixar de observar a estratégia usada pelo autor, que começou a escrevê-la normalmente, mas faz uma mistura excêntrica no fim, reforçando os fatos do início do livro e tornando os acontecimentos mais explicativos. Sou veraz ao dizer que super recomendo a leitura, o tipo de livro que me conquista.
"Você é linda, sua velha rabugenta, e se eu pudesse te dar só um presente
para o resto da sua vida seria este.
Confiança.
Seria o presente da confiança.
Ou isso ou uma vela perfumada."
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Beijo,
- sakura. 🌸
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