Carta de desamor
Eram 5h da tarde quando eu caminhava na Praça de Fátima para matar o tempo antes da faculdade. Como todo pobre que nasce pobre, andava olhando para o chão na esperança de achar algum trocado por acaso.
Enquanto passava em frente à fonte vazia, encontrei uma carta, remetida a alguma Maria Luísa. O nome não me era estranho. Afinal, de Marias a cidade é cheia, mas... Maria Luísa?
A carta era antiga, um tanto amarelada pelo tempo, então imagino que quem recebeu, ou não enviou, a guardou com carinho. Quando a li, constatei: era uma carta de... de amizade?
Enquanto passava em frente à fonte vazia, encontrei uma carta, remetida a alguma Maria Luísa. O nome não me era estranho. Afinal, de Marias a cidade é cheia, mas... Maria Luísa?
A carta era antiga, um tanto amarelada pelo tempo, então imagino que quem recebeu, ou não enviou, a guardou com carinho. Quando a li, constatei: era uma carta de... de amizade?
Pude descobrir ainda que era datada em 22 de maio de 1990. Estranhamente coincidia com o dia em que nasci, apesar de o ano ser bem anterior.
Curiosa, resolvi matar o primeiro tempo, que começava dali a 30 minutos e ir atrás do endereço.
Fui até a casa número 12 de uma rua que não me recordo e bati à porta com um pouco de receio.
Quando uma senhora me atendeu, parecia um pouco confusa.
- A senhora se chama Maria Luísa? - perguntei.
A mulher apenas acenou que sim, talvez um pouco desconfiada. Afinal, o que uma moça desconhecida estaria fazendo na sua porta?
- Encontrei uma carta. - continuei.
- Uma carta?
- Sim, uma carta. Uma carta de amizade.
- Entendo, entendo. E ela era minha?
- Parece que sim. Era o seu endereço e o seu nome. Não foi a senhora quem perdeu?
- Onde foi que encontrou? - Parecia bem curiosa ao perguntar.
- Na praça, lá em Baixo.
Entreguei-lhe a carta.
- Mas é uma carta já antiga. - afirmou ao constatar.
- Não é da senhora?
- É para mim, mas nunca a recebi - afirmou. - Parece que foi Hugo que escreveu. Mas não o vejo há anos.
Então me convidou para entrar, preparou um chá, me ofereceu biscoitos e desatou a contar-me a história.
Me lembro pouco do que me contou, mas do principal sou capaz de me recordar.
Curiosa, resolvi matar o primeiro tempo, que começava dali a 30 minutos e ir atrás do endereço.
Fui até a casa número 12 de uma rua que não me recordo e bati à porta com um pouco de receio.
Quando uma senhora me atendeu, parecia um pouco confusa.
- A senhora se chama Maria Luísa? - perguntei.
A mulher apenas acenou que sim, talvez um pouco desconfiada. Afinal, o que uma moça desconhecida estaria fazendo na sua porta?
- Encontrei uma carta. - continuei.
- Uma carta?
- Sim, uma carta. Uma carta de amizade.
- Entendo, entendo. E ela era minha?
- Parece que sim. Era o seu endereço e o seu nome. Não foi a senhora quem perdeu?
- Onde foi que encontrou? - Parecia bem curiosa ao perguntar.
- Na praça, lá em Baixo.
Entreguei-lhe a carta.
- Mas é uma carta já antiga. - afirmou ao constatar.
- Não é da senhora?
- É para mim, mas nunca a recebi - afirmou. - Parece que foi Hugo que escreveu. Mas não o vejo há anos.
Então me convidou para entrar, preparou um chá, me ofereceu biscoitos e desatou a contar-me a história.
Me lembro pouco do que me contou, mas do principal sou capaz de me recordar.
Parece que Hugo, o remetente, foi um grande amigo de infância. Mas quando passou a amá-lo, seus pais fizeram com que se afastasse. Homem pobre não era para sua filha. Dona Maria, na época uma moça, fez pirraça e disse que fugia. Arrumou suas malas com o pouco que tinha, mandou uma carta para o seu amado combinando a fuga, e no dia marcado saiu na noite rumo à estação.
Acontece que Hugo não apareceu. No dia seguinte, descobriu que foi embora por si só, parece que fugindo de Dona Maria. Dali em diante nunca mais lhe viu.
Acontece que Hugo não apareceu. No dia seguinte, descobriu que foi embora por si só, parece que fugindo de Dona Maria. Dali em diante nunca mais lhe viu.
A carta que achei dizia que a senhora era a melhor amiga do remetente. Que era uma amizade pra lá de verdadeira. Mas que amizade não era amor e amor não era amizade. Então foi embora, não queria trocar a amizade bonita por um amor fugido e angustiado. Pediu perdão por escrito por uma carta que nunca enviou, e foi-se embora para um lugar qualquer.
Ouvi tudo isso, agradeci pelo chá, dei-lhe um abraço apertado, e disse-lhe que entendia as lágrimas pelo amor não correspondido.
Por coincidência, eu passava pelo mesmo caso. Amava alguém que dizia sempre que se eu insistisse nessa história de amá-lo, ia embora e nunca mais voltava. A senhora nem ao menos sabia o motivo da partida. Fui eu, ao menos, quem pude trazer-lhe uma razão.
Desde aquele dia, visito Dona Maria toda semana e a gente chora junta por um amor que só era amor de um lado, já que do outro era só amizade. Ou desamor.
Ouvi tudo isso, agradeci pelo chá, dei-lhe um abraço apertado, e disse-lhe que entendia as lágrimas pelo amor não correspondido.
Por coincidência, eu passava pelo mesmo caso. Amava alguém que dizia sempre que se eu insistisse nessa história de amá-lo, ia embora e nunca mais voltava. A senhora nem ao menos sabia o motivo da partida. Fui eu, ao menos, quem pude trazer-lhe uma razão.
Desde aquele dia, visito Dona Maria toda semana e a gente chora junta por um amor que só era amor de um lado, já que do outro era só amizade. Ou desamor.
"Carta de Desamor", por Sakura O'Brien
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